quarta-feira, 30 de maio de 2012

Castelhanos e dívida

A sandice entrou na normalidade com estes protagonistas governativos. O disparate, de tão assíduo, faz passar a ideia de que é também um efeito da crise e porventura um modo de a combater – à força de disparatar talvez a dívida se espante, qual pássaro e se deslocalize para paragens de crescimento. Esta do Aguiar Branco dizer que a dívida, derrotá-la, é como em tempos fizemos expulsando os castelhanos para reaver a independência, ganha o campeonato dos disparates ao Álvaro e ao Passos, concorrentes diferentes, mas ambos bons na asneira. Do Álvaro são regulares os pontapés na língua e o optimismo ultra, a roçar a asnice, raciocínio silogístico e esquemático, do Passos os excessos paternalistas de tutor do indígena pátrio não vêm melhoras: dois estilos, ou melhor, a falta de um estilo de estadista, nos dois.
 Que estará Aguiar Branco a pensar? Será que o imaginário de um Ministro da Defesa mete sempre castelhanos por razão patriótica? Basta ser da defesa para sonhar com Castela? O advogado brindar-nos-ia com a mesma metáfora plena de profundo significado histórico?
 Não tarda estaremos nos jornais de referência, os vários, a seguir a implementação da táctica do quadrado na resolução do passivo sob forma altamente explicada por diversos inteligentíssimos líderes de opinião encartados. A dívida levantar-se-á, dirão, do alto da sua arrogância especulativa, convocará as suas tropas mercenárias armadas de altas taxas de juros, napalm mais eficaz que a bomba de neutrões, e Aguiar Branco, na pele do Condestável e na mesma Aljubarrota da humilhação a Castela, lanças em riste, esperará pela carga com a certeza de que a mesma formação, revivificada e benzida neste 2012 fatídico, derrotará os apátridas sem rosto que nos querem reduzir à nova escravatura, a da mão-de-obra gratuita e do pé descalço servil diante do turista sempre amado.
 Eles lançam na linha da frente as agências de rating, capazes de ataques sofisticados em rede e convergências várias e nós atiramos-lhes com o que vier à mão, azeite de Moura a ferver e couve galega, aliada de boa hora, o que os fará recuar e procurar segunda investida depois de reagrupada a cavalaria. Nessa hora, a coragem dos nossos peões redobrará pela mola da fé e com ajuda da Virgem eles não terão nenhuma hipótese. Alguns, como rezará a História, borrar-se-ão na cueca de couro com H grande, outros babar-se-ão de medo e amuarão, afrouxando então os cavalos numa verdadeira deserecção solidária com aquele que na sela lhe finca as esporas na ilharga, outros ainda terão a armadura toda enferrujada pelas sequelas lacrimais do medo. Aos que fugidos sem saber para onde a padeira apanhar, já se sabe o que fará, com a vantagem de que hoje o forno é eléctrico e para toneladas de farinha: dará para enfornar mais do que um exército inteiro de cobardes, logística e tecnologia no sítio da pá da padeira, já no Museu da Pátria. Não terão hipótese, a grelha será o destino merecido.
 Em sintonia com Aguiar Branco, nova encarnação de Dom Nuno, todos nós vamos colocar nas janelas das nossas casas bordados com o famosos quadrado da táctica, de modo a inspirar também aqueles que com Branco estarão lá onde o quadrado de formar. Não faltarão voluntários para pôr as forças da Dívida no seu lugar aplicando-lhes de seguida o devido correctivo, isto é, obrigando-os a meter as altas taxas de juro pelos altos cus acima. Viva Portugal!

fernando mora ramos – português de gema

domingo, 27 de maio de 2012

A realidade e o real

Realidade é quando notas a diferença radical entre duas coisas idênticas, paladares diferentes, real é a rota dos impossíveis, o modo como as paredes se erguem intransponíveis e experimentas a dimensão da impotência, o modo como o desejo potencia e é mola, faz chegar até ali e morre na praia e na realidade não adormece, volta e é sempre em pé. Quase morto renasce para o mesmo ciclo e tu voltas lá para de novo caíres, de pé provavelmente mesmo quando te cedem as pernas ou a alma. Intranquilo és agido, agindo contra os profetas do sistema, estipendiados pois claro. A realidade é móvel e nela sujas as mãos do mesmo modo que as lavas, tem a forma da plasticina e moldas as coisas com o suor não do rosto mas das mãos e é aí justamente que o real mostra a face da estrutura e condiciona, estruturas de condicionamento, de formatação diríamos hoje: mede o teu tamanho, põe-te de joelhos dizem-te, ordenam-te, é a voz do grande costume, tem atrás o peso de toda a memória da história da humanidade, memória ordenadora da subalternidade dos muitos, memória do que constitui a voz do dono, não a visão, a constatação em força pragmática, o status quo, mudar para o pior do mesmo: a regra.
 A realidade, apesar de tudo, tu podes pesá-la numa balança antiga, ter a forma de um quilo de pêssegos ainda verdes, sorrir por vezes, como pode ser uma teia de aranha no lugar desprevenido: quem alguma vez suporia que ali pudesse ser uma rota para moscas? Mas é porque em boa verdade não somos omniscientes, ele sim, o real, é omnisciente e movimenta-se como as placas tectónicas. Não temos idade possível para lhe fazer nenhum tipo de companhia, assim como não poderemos viajar ao umbigo do planeta numa sonda apta a resistir ao magma profundo, quem sequer sonha essas incandescências de galáctica dimensão, subterrâneas, nelas tendo entrado?
 Na realidade, por exemplo, quantos exemplos de exemplos serão possíveis, dela, realidade, para exemplificar o real? Tantos quanto as espécies de realidade que não são vítimas de nenhuma extinção ou sobrevivam na memória prospectiva como vida, respiração acordada e aberta. A essas poderemos multiplicá-las pela diversidade de borboletas que continuam a inundar a primavera, extinta mas bem preenchida de rosas minúsculas e grandes, de cardos e alcatruzes, de silêncios prolongados na ponta mais extrema da insónia e de manhãs vibrantes de entrosamento cardíaco como cosmos. Queimarmo-nos e até podemos pôr gelo na entorse ou na ruptura muscular, coisa tão complicada quase como a monogamia, pelo menos para as almas voadoras, isso é um exemplo das versões que a realidade, pele do real, vai compondo neste cumprir um trajecto que é a vida – em auto da alma recente, esta dimensão do trajecto apareceu-me com uma evidência que jamais sentira como que numa fusão entre possibilidade biográfica e opacidade do tempo histórico dentro dele.
 O buraco no passeio não apitou e a urgência do aviso não preveniu a queda porque nas pedras não há ainda alarmes, não têm dono, e não apitam como apitam os carros a voz esganiçada do proprietário à passagem de uma ninfa, por exemplo, que lance mais vento que o previsível sobre o capô – esta palavra sabe a francês demais para ser só brasileira, ela importou o ô, e o português pode no brasileiro, mantendo-se íntimo na expressão, sambar o que o alegre. Aquele sensor está habituado a não notar, esse que não evita que tropeces, ao contrário do outro que é polícia da tua proximidade ao carro do dono e ao dono, pois, sim porque há coisas assim como que uma gota de água a fazer com que o copo perca a paciência e se faça em pedaços infinitos, mas isso nada tem a ver nem com sensores nem com politicamente correctos, nem com propriedade, nem com formas de trato elegantes e outras concordâncias de sujeito com o predicado de terceiros, social nada comum visão do comum livre.
 Quem consegue contar de uma só vez, num único olhar panorâmico para ser claro, com as limitações também da frontalidade abrangente – nunca veremos bem as costas - as migalhas do vidro espalhadas por um chão transparente depois de uma cólera justa? O real é essa transparência que não termina e onde na realidade não sabemos onde fazer parar a possibilidade interminável de dirigir o olhar à velocidade da luz que houver, pois ver na penumbra ou ver na imensidão da luz solar a sua intensidade, são quase opostos e no entanto as mesmas filiações, pois quem a sombra tece é quem a noite traz e quem o dia amanhece, nem deus nem Deus nem deuses nem leis nem a natureza nem o homem, nem as formas preexistentes nem as criadas, nem as mãos que as mãos moldaram mãos manuais, feitas à mão pelo labor da mão – e pela mãe - no trânsito entre a primeira sobrevivência rupestre e esta sobrevivência virtual, milénios entretanto, Cristo e antes dele outras cruzes e núbios, na realidade tão lacustre esta realidade como a outra, basta observar como os gestos dos humanos em situações de salivar ideológico nas montras de hoje, sonhando estatutos e posando-os em imagem de si mesmos à la minute – onde vai o minuto - faz renascer aquilo que no macaco era o pior dos vícios, a mania de se ver aos espelho e de se bronzear enquanto dá murros na peitaça para sacudir adversários ou chuta bolas para contar pelos dedos em tempo infinito o que clama como vitória. Os dedos da masturbação são os mesmos da aritmética e os mesmos da mão dada no Domingo, os mesmos de apontar o dedo a alguém, do mesmo modo e na mesma natureza que faz com que se nasça perto de onde diariamente nos libertamos do que transitoriamente somos e fede, escatologia ou escatolobiologia ou o que quiserem.
 Real é o modo como o fundo do mar resistiu ao genoma do caranguejo por vir, absolutamente inexplicável na sua constante marcha à ré, marcha atrás organizada pelos olhos cegos da carapaça traseira, na realidade absolutamente disponível para a água que ferve com a ponta de sal bem medida: deitar a quantidade de sal necessário numa dada porção de por exemplo sopa é arte manual, masturbação sublimada na couve ou no agrião, colocar o quanto baste de alho e acertar entretanto com o ponto onde o vinho se possa dizer que tem um polegar de altura no copo é artesanato.
 Arte é outra coisa: é do domínio da impossibilidade que se deseja, mistura da vontade com impossibilidade, e feita ali, onde de repente se erguem as vozes interiores que ordenam o real falando de dentro – fluindo por entre químicas, nada mais físico que a ficção - como um rio interior cujo destino é a fronteira da consciência, conspurcada de multiplicidades o que baste, sujo de mãos sujas que ajuda à mestria do real pelos limites da experiência, currículo vejam bem, a realidade, em suma, dentro de ti e fora de ti, nas olheiras e no cabelo a quebrar, na mola do desejo também e na solidão aplicada da concentração ao deambular das frases na geografia do texto, porto de destino e de partida, porto e exterior, o teu lá fora.
 Fazendo-a falar, insinuando enérgica a forma do desenho a vir, eis a ficção – a quem poderás solicitar uma palavra de luz senão aos que escreves porque os tens na memória e pulsar cardíaco? E como estão longe mas apesar disso voltam a falar porque dizem coisas diferentes daquelas que na última vez retiveste do mesmo fragmento, pois retemos fragmentos e saltamos entre eles, pulsares de sentido que se desvanesce e vivifica de novo.
 Como poderás tu dizer que é assim ou assado quando todas as formas da ficção são o resultado do desequilíbrio entre as narrativas que se impõem vindas do nada interior que alimentas – e como fazê-lo sem esse vazio cuja estratégia de parto estará na tua arte da recorrência, voltar ao pousio, descanso que prevê semeadura? E como aquilo que é construído no sentido da estruturação vazado num tempo e num destino mais imediato toca a outros porque exactamente tem uma dada estrutura, mais aberta, mais livre, montagem, ordenação sem cronologia mas lógica?
 Quem serão vocês que sentem a leitura como uma excitação, um perigo, pois mata, mata de excesso de vício e obsessão, desliga do comum, desnormaliza, para ligar a outra realidade, essa onírica, real subterrâneo, fluxo, tutano, medula e nervo, química do desejo e sílaba fazendo-se palavra e frase? Receio e compreensão, excitação e acelerações, intensidade e pausa, paragem, suspensão, eis o corpo no corpo da ficção identificável, e resultado menos imediato de ler da ficção, projectado no tempo porque interior e portanto não medido, tempo da psique e não da psicologia, nada brique-à-braque institucional ou tragicómico, quase química a organizar-se em órgão vitais, química interior. A ficção é de um órgão vital a secreção limpa plena das sujidades produzida na realidade - sabendo entretanto que isso, esse gesto de ficcionar comprometido com a vida, está para além de todas as contingências, pois quem te impõe que vivas dentro de ti a tua própria viagem contra o que possas sonhar, mesmo que não explicites e digas, pois tens a liberdade de estar calado ou de dizer, como queiras? Podes mesmo gritar, podendo o grito sinalizar-te como alvo de insídia e mesmo de ajuste de contas, inveja pacóvia sempre a apequenar os que fomos navegando em outras paragens, a nossa sorte identitária misturada, mesmo que memória, pois é o estrume do que possa vir e da propulsão necessária para partir de novo, paragens físicas ou culturais, outras cartografias.
 Claro aí é o facto de não poderes de facto fazer essa viagem se ela se fizer claramente contra a estruturação dominante – quantas são as paredes do real, quantas têm videovigilância e microfone denunciante, quantas delas são justamente a solidez do que é antagónico estatuído paz podre e cimentado na longa ou média duração? E de onde sai esta nossa realidade, da idade dos partidos, da República, de onde vem ela e o que será a última data significativa senão uma data precária?
 Mesmo que se exerça por vezes através de alegorias e parábolas, simbólicas enigmáticas e desvios, comparações produtivas, coisa que por vezes pode passar na malha apertada dos que governam a realidade, esses cães de fila que são a realidade mesquinha do exercício da propriedade ao serviço do real, como passar a palavra para além do que ela em ti possa viajar para viajar nos outros e para que viajes neles e a viajem se faça comum, talvez mesmo país?
 Mais estranho que tudo isto é pensar que real e real são a mesma palavra monárquica e que realeza e a realidade, nada têm de comum.

 fernando mora ramos

sábado, 26 de maio de 2012

O músico e a mãe

Saltar com a mãe pela mão, ele, aos sessenta, músico e desempregado e ela com 90 e alzheimer desde há três, quatro anos, é algo que ninguém pode nem imaginar e é aterrador, um soco na passividade induzida que nos tem presos nos mecanismos da presença fictícia, porque afirma uma opção pela morte, que, no caso, como ele disse, o músico António Perris, na mensagem que deixou, se assume em desespero de causa e solução derradeira. António escreveu uma última mensagem em que dizia não estar em condições de alimentar a mãe nem a si mesmo, disse-o assim com esta crueza depois de um grito por auxílio postado na net que terminava com uma pergunta dirigida a todos nós sobre o sofrimento de ambos: alguém conhece uma solução? À senhora tinham feito cortes na pensão e de 600 euros passara a ter 340, nenhum lar a aceitava, esboçava-se também uma esquizofrenia, ele estava sem emprego há dois anos. As portas fecharam-se todas. Como podermos explicar uma inevitabilidade assim produzida, construída pela indiferença de tudo o que os cercava, dos vizinhos de prédio às leis selvagens impostas do exterior que vêm suspender no seio dos gregos – e entre nós - a possibilidade de um vida digna, imperativo coincidente com o que poderemos chamar de mínimos democráticos e vitais? A democracia e a vida têm rotas que não coincidem? Onde está o erro clamoroso, o crime inscrito no corpo do sistema? A democracia não é liberdade selvagem imposta pelos mercados, é antes de tudo a dignidade das condições de vida de todos, antes do mais a alimentação, o que aliás a natureza resolve aos que nascem e depois, pelo que vemos, a sociedade nega a muitos. Neste caso a liberdade de pedir auxílio, a dimensão pública do gesto, caiu no saco roto da forma desta “democracia” que não se dota de respostas instituídas para situações de urgência e limites, nenhum mecanismo público reagiu, nenhuma forma de solidariedade cívica agiu, nenhuma fraternidade se exerceu, nenhum internacionalismo foi visto. A degradação dos vínculos comunitários na realidade das relações está a atingir graus de indiferença absurdos, a criar mesmo, pelo desnorte sádico de muitas ideologias que se julgavam extintas, isto é, “residualizadas”, o desejo de uma espécie de catástrofe que venha repor um novo equilíbrio demográfico e uma nova partilha dos depauperados recursos naturais da terra – não julguem que não é assim, ele há paraísos artificiais a surgir nos mais diversos condomínios privados.
O que explica este empurrão que os proprietários e gestores da crise, navegando à vista a instabilidade jogada de roleta dependente dos humores de casino da bolsa e dos lucros especulativos do dia, frescos ainda, deram a este duo infeliz?
O que não é imaginável como possível aconteceu, na Grécia, país que na invenção da tragédia clássica fez entrar o mundo dos mitos na racionalidade de uma idade dos poderes que esboçava os primeiros passos esta violência autoinfligida e gesto dirigido a todos, aconteceu há dias - berço da democracia, diz-se, muitas vezes sem a consciência de que entre a invenção da igualdade, as leis que a afirmam e uma política de equilíbrio entre as diferenças vitais de estruturação de um todo social (homogeneidade de heterogeneidades) e de acesso dos que não têm ao comum que a possibilite, à igualdade, é obra de séculos, pois nada mais claro que os poderes fácticos construírem e praticarem assiduamente, em nome da democracia desde que é “a referência” da política planetária, a destruição da democracia e da possibilidade do seu aprofundamento como uma constante histórica, levando a sociedade desigual aos extremos do que possa ser, mostrando-se com isso que mesmo sob as imposições éticas dos consensos para inglês ver – o pagode - vertidos nas leis, a lei nada vale para quem em nome dela exerce a força contra o que prescreve e diz, com a contribuição servil de todos os que nessas áreas têm emprego rendível e exercem funções sistémicas e para-sistémicas.
A tragédia de Perris e da mãe nem sequer teve o impacto da morte de Dimitris Christoulas na Praça Syntagma, foi um adeus de desespero, um voo terrivelmente angustiado de um quinto andar para o chão. E a austeridade vai continuar a fazer as suas vítimas diárias. Dentro de uns anos o balanço e os julgamentos e os tribunais vão decretar que foi crime, que os seus autores mereceriam a prisão, que há crimes que só o tempo torna visíveis e tudo terá passado – o modo como os crimes prescrevem é sinal de como injustiça é a actualidade e a justiça, uma mera projecção no tempo, um idealismo prospectivo. Chocante é voltar a entrar-me nos ouvidos, sem o querer, a frase que disse o Primeiro-ministro sobre o desemprego. Já nada nos pode consolar. Sair desta situação implica de facto algo novo, algo que por dentro do sistema não é possível.
Repousem em paz António e mãe do António, os Perris, suponho. Trezentos euros é o nome da vossa viagem e o bolso atento, mesquinho e cúmplice de homicídio do Estado. Vejamos o que vem daí, da Grécia, num tempo muito próximo e com um sentido de futuro humanizado.
fernando mora ramos

terça-feira, 22 de maio de 2012

Secretas e secretos de

Este é um país de intrigas, quem as tece tem o poder de mexer cordelinhos e ao fazê-lo, de entreter o pagode, uns de umas famílias com pedigree justiceiro e outros de outras com vocação negocista – do que se trata sempre é de negócios, não duvidem e nisso até as secretas se metem e se o país fosse invadido por elefantes marinhos nem dariam por isso, nem preventivamente nem na hora certa de acordar. Cada intriga, notícia e enredo, rende rios de tinta, declarações apaixonadas, comentários chocarreiros, altos momentos de política interna assumidos pelos protagonistas marcados para a cena diária e depois tudo desemboca na anedota que geneticamente nos tem presos e é enquanto forma breve – é questão de fôlego e reverso da nossa capacidade filosófica – e forma síntese, a sua revelação e resolução final, o que fica para a história das lembranças e faz colunas de humor, ou sobes e desces, em notícias picantes para enchimento. Na realidade a revelação do que é relevante no meio de um oceano de graças ambiente, a maior parte delas sem vitalidade nem humor irónico, perde-se na multiplicação dessas partes, até á náusea, que justamente tornam o enchido saboroso e mais para o estômago que para a cabeça. Será o facto de termos os tais novecentos anos de história e de portanto tudo o que se expressa é a senilidade do corpo, a cabeça, a dizê-lo? As idades dos países têm uma relação óbvia com as suas vitalidades e identidade expressiva? O que é verdade é que este governo cheio de modernos, menos modernos que os do último, esses muito mais eco-renováveis, é um conjunto de anciães – a visão é trauliteira, sob os modos corteses do senhor Primeiro ministro e absolutista – cujo defeito principal, para senhores de velhas políticas financistas, é serem absolutamente inexperientes. A quantidade de disparates governativos e de omissões ultrapassa na listagem possível e na estatística da asneira, aquilo que todos os governos até este cometeram de mau a péssimo. O que é verdade é que estes anos todos de democracia não nos libertaram da dependência, nem da iliteracia, nem do atraso e somos de facto, pelas estatísticas, um país de pessoas tristes e insatisfeitas – é uma estatística estranha, esta da tristeza, mas ela está aí e creio que foi feita pela certeza do que o telefone permite e alcança. Deve ser qualquer coisa do género: pergunta o da estatística a quem atende: sente-se triste (falo da empresa tal e etc.) e responde a pessoa: estou desempregado. E obviamente que a resposta dá para dois itens, o do emprego e o da tristeza, este último por extrapolação. E vamos portanto tendo este retrato que fazem a colar-se-nos à pele irremediavelmente, pois a estatística derrota qualquer argumento e principalmente qualquer visão de futuro, é definitiva e tem uso imediato, justifica medidas. Esta da tristeza justificará por certo um próximo investimento em máquinas de cócega e riso de médio e curto prazo que sirvam pragmaticamente para animar a malta e consequentemente melhorar as metas produtivas e o crescimento, esse excluído que Hollande põe agora no mapa e que Merkel nem quer ver. Mas nós de facto pasmamos: o ministro Relvas ameaça uma jornalista por causa de umas mensagens para o telemóvel – perigosos SMS’S – que entretanto apareceram onde não deviam dizendo que revela coisas do seu perfil e vida privada? Será possível? Se isto se passasse entre certas pessoas e só entre elas, de uma mesma família por exemplo, era como o outro, é o tamanho das coisas e das pessoas. Mas não, é assunto nacional, e porventura, internacional – na verdade, a produção de escândalos ao serviço do anedotário é coisa mais nossa e só raramente uma anedota nossa faz rir uma criatura de humor britânico ou de visão chinesa. Não quero cometer injustiças e portanto devo dizer que sou apreciador do humor alentejano e foi no Alentejo que vi, pela primeira vez, um elefante voar. Mas neste caso estamos noutro espaço mental e numa tradição filosófica popular que é e foi surrealista muito antes do surrealismo. É uma questão de outra percepção do tempo e do espaço e consequentemente da vida, da nossa relevância irrelevante. É na realidade extraordinário que tenhamos esta queda para nos perdermos no insignificante e fazer dele a montanha. Disto tudo nem a saída de Relvas acontecerá, nem a política se refará qualificada, ela que tanta necessidade tem de reabilitar-se aos olhos de todos, pois como sabemos nem a justiça nem a política existem. E continuaremos entusiasticamente a esbracejar no meio das falsas evidências como se travássemos guerras finais. De alecrim e manjerona claro.
fernando mora ramos

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Europa e europa

A confirmação de uma agência internacional de que o Serviço Nacional de Saúde está pior só vem confirmar com atraso o que sentimos na pele desde que se assumiu a regressão como meta – o tal apertar no cinto que para uns é acabar com a gordura e para outros será mesmo ficar sem cinto e de calças na mão. Em boa verdade que Europa é esta europa que se submete por inteiro às leis do mercado selvagem e ademocrático e que está disposta a menos democracia para manter os lucros da especulação obscena de uns poucos como parte harmónica do sistema? Mas o sistema é a economia, o financismo, contra a democracia e os serviços públicos, o único garante real do acesso da maioria da população à saúde, à educação, à cultura, à casa e portanto a mínimos estruturantes e vitais de alegria? O crédito, quando surge, não surge com objectivos especulativos mas sim com objectivos de desenvolvimento económico e de superação da indigência social, como podemos constatar numa carta de Angelo Beolco, dramaturgo italiano do renascimento, em que ele fala de um dinheiro que serve os camponeses, que os ajuda na sua pequena economia a prosperar. A palavra usura aparece nesse contexto com um sentido positivo, ao contrário do que já não acontece no século XVIII quando em Goldoni falam os Rústicos – “prefiro guardar as moedinhas a gastá-las vendo o novo mundo pela luneta” diz um rústico – a propósito já da concentração da propriedade através da técnica homicida do juro incomportável. O que de facto não é de estranhar é que há de modo cada vez mais claro e com prova histórica duas europas: a Europa e a europa. A primeira gerou-se na democracia e dentro desta alcançou o bem estar que a verdadeira social democracia concretizou nos anos setenta/oitenta – porque será que um partido liberal se apelida de social democrata? A segunda tem atrás de si todo um cortejo de experiências ditatoriais, desde o franquismo, ao fascismo mussoliniano e português para expressar os exemplos notórios juntando-se-lhe o nazismo, trauma da história universal que veio fazer com que a humanidade do homem daí para frente fosse questionada de modo novo. Que humanidade é capaz de construir um mundo em que o paradigma é a superioridade racial de uns e a escravização, tortura e liquidação massiva de outros? Onde estamos nós agora? Na Europa ou na europa? Estamos na realidade a caminho da europa. Não só a desqualificação generalizada da vida da população de parte da Europa é decidida pela força de uns europeus contra outros, mas também a democracia é suspensa pela mesma força de impor tutelas governativas por via não democrática a países que o aceitaram, tanto no caso italiano como no grego. Mas o sinal mais claro desta regressão democrática a caminho de uma Europa que é de novo perigosamente europa é mesmo o modo como se instalou um sentimento generalizado anti gregos nessa europa dos ricos que, tendo as suas diferenças relativamente à ideologia nazi contra os judeus e à campanha globalizada contra o islamismo – à pala de perseguir o extremo comem todos – é da mesma forma o princípio da exclusão de um povo do convívio com os outros numa dita união. E porque razões? Por razões de contabilidade. É de facto mais importante pagar a taxa ilegítima – qual a sua base legal? - do juro incomportável ao dono do crédito que salvaguardar a democracia dentro de uma lógica Europeia, a da solidariedade – somos um mesmo espaço comum, um mesmo país feiro de países diferentes e por isso mesmo somos uma união, uma união de diferenças, nada mais rico que isso mesmo – como poderemos nós daqui para a frente falar de Homero e Sócrates como raiz comum da Europa se excluímos os seus irmãos contemporâneos? E como falar de berço da democracia formal? Na realidade, este tipo de divisão só se supera numa união, mas não numa união monetária, apenas numa união solidária. E que o que é que pode construir esta senão a valorização comum de princípios democráticos reconhecidos consensualmente e identificados como património, como justamente aquilo que é a razão do que é comum, da verdadeira união? A visita de Hollande à Senhora M. lança grandes expectativas e como Hollande diz com prazer estamos de olhos abertos na França – uns, outros estão enraivecidos. Mas subsiste uma dúvida clara que é aquela que o vocabulário transporta e que se lê na palavra crescimento como a palavra alternativa à palavra austeridade. A via do futuro não estará certamente entalada entre estes dois vocábulos e portanto aquilo que os teóricos de serviço dizem não passam de formas de servidão intelectual. Há mais vida que a vida que entre elas pode ser gerada e essa vida só pode ser a do aprofundamento da democracia e o fim da centralidade do financismo na economia e desta como O TEMA ÚNICO. Vamos falar de estar vivos e viver? fernando mora ramos

domingo, 13 de maio de 2012

O espectro dos mercados

Encontrei o tipo num lugar ermo, numa paisagem de betão, de joelhos, a falar para as nuvens e gesticulando como os macacos quando se zangam. As nuvens passavam naquele ritmo elefante, colossos pairando sobre as cabeças e o chão sedento, seca que já deu procissões e fé entoada na ciência de Deus. A crise é convergência de factores e a dívida soberana, no ecrã único, faz esquecer as bem mais fundas e que há muito assinalam que este modelo de desenvolvimento assente na ideia de progresso – imparável tecnologia sem avanço da humanidade – é suicidário. Tragédias reconhecidas como o aumento do nível das mares – ainda agora um pequeno país tenta comprar território, ou alugar, para sobreviver –, a natalidade sem medida, ou a corrupção generalizada das chamadas democracias, a desflorestação amazónica ou os conflitos raciais artificiais mantidos pelo acicatar construído de forças terroristas de Estado e fora dele, o nuclear e a utilização ainda sem fim à vista dos combustíveis fósseis que trazem o efeito de estufa, são questões que a humanidade, o governo mundial, deveria enfrentar para preservar a própria existência e salvar o planeta e os seus habitantes de uma morte agónica já que a morte é certa – uma eutanásia planetária não é mal pensado. Mas a bestialidade humana é tal que nem a sobrevivência do planeta e da humanidade são consenso possível. Ao interesse planetário sobrepõem-se mesquinhos interesses imperiais de nações e recentemente o poder obscuro de forças especuladoras, de empresas gigantes multinacionais, que dominam os chamados mercados e que dominam esta economia baseada no crédito.
O tipo que tinha diante de mim ajoelhado parecia-me fabricar com gestos uns sinais de fumo, isso tanto quanto eu sei de sinais de fumo, pouco mais do que vi em coboiadas e dançava cego oferecendo o corpo ao céu num ritual enigmático. Tentei falar-lhe mas ele em transe estava mudo, possuído por uma força que a sua energia ritual convocara, como de outra forma se faz com uma mesa pé-de-galo, de mãos dadas e muita força interior coral. O tipo nem me via e continuava. Agora parecia esfaquear carneiros e num altar imaginário, numa espécie de pantomima – correcta, limpa de sangue – parecia ler-lhes estômago e vísceras, para logo a seguir entoar cantos que pareciam, pela ondulação harmónica, simular o voo das aves, como se sabe modo de ler o futuro – ele há passarões a viver disso. Tirei uma conclusão: o tipo faz um apelo, fala com o invisível, tenta impedir que o futuro caia sobre nós como o dilúvio, ou outras destruições do mesmo calibre, um incêndio global, o descontrole da translação e rotação da terra, que sei. Mas a criatura não descia do seu estado alucinado ao meu, pés na terra, vítima indesejada da gravidade já que sonho, desde menino, com voar, asas de verbo, voo barato com palavras e para o qual basta um lápis, uma caneta ou um teclado.
A criatura começara agora a soletrar palavras inexistentes, sons inaudíveis e outros que pareciam de uma língua de consoantes. BRGRTRWQQQQBBBBTTTT, absolutamente indecifrável e até um pouco agressivo. A consoante dá um coice que a vogal não atinge. Mas que raio de lengalenga. Será uma performance? Mas ali, naquele fim do mundo de betão sem habitante à vista, terra de ninguém, nada mediático? Já se viu algum performativo que não seja mediático-dependente, para-televisivo, narciso maníaco, exibicionista e adepto do simplório armado em complexo? Filhos do sensacionalismo não? Esse é o seu estrume sociopata não? E continuei ali, esperando que o indivíduo voltasse a si, já preso ao enigma do seu ritual. Seria arte? E de repente lembrei-me que a melhor maneira de afastar dois cães era atirar-lhes um balde de água fria. Quando vou para, o indivíduo ergue as mãos ao além e diz com uma voz técnica: estou a acalmar os mercados, os mercados necessitam de ser acalmados. E subindo um altar improvisado diz: Oh deuses especuladores, oh Deus mercado, tem piedade de nós que cometemos o crime da dívida e perdoa-nos, tudo pagaremos com libações de ouro negro e escalando os píncaros de juros que sobre nós atiras. E jurava que dentro em breve acabaria com o pecado do salário e se disporia à escravatura ou à servidão da gleba, como quisessem os deuses mercados, mas que acalmassem por favor e não ligassem ao que o Dr. Soares acabava de dizer.
fernando mora ramos

O nu da Rita não ri como a fruta da Pereira

Diz a Rita que cá não se despe toda mas que no Brasil sim, cá só se despe parte e com o pudor em aviso, por causa do trânsito de olhares previsível e dos pais que ela ama muito. E nós, os vestidos – Vestir os nus é Pirandello - ruminamos, claro, com o frio que fez quem é que se despe e claro, com o calor brasileiro, quem é que quer estar vestido? A miúda tem razão. Miúda? Empresa com curvas? Tira isso do corpo diz o mano brasileiro todo entediado ao ver-nos com o maldito hábito da roupa, essa invenção intelectual, cachecol, blusa, calça comprida, para quê, vá, veste a chinela e pronto, o laço tatuado na maçã de Adão e pronto, deixa o pendericalho respirar, cabeça para baixo e o berbigão soltar-se. Deixa correr o marfim, a pele e vai atrás do que sentes: se a brisa de um gesto te toca acende na toca do desejo a cobra ou o complexo mexilhão para as alturas do encontro entre fé e erotismo como Santa Teresa de Ávila. Se sentes é porque é verdade e essa verdade do que sentes é uma estrada que se deve seguir às cegas, como outras coisas na vida que são epidérmicas e de bom augúrio, o bronzeado, ser veado, ser macho na máquina musculado, comer amendoim picante e de pernas para o ar, ou de cu no altar, brincar ao carnaval – carne vale.
Ora na Europa, mesmo na mais a sul ocidental, despir não é seguir as origens que, em verdade, com a Santa madre Igreja em tutela, sempre foram vestidas, isso é, nada tendo a ver com a moda do índio fosse ele tupinambá fosse tupi, aquela moda que Vaz de Caminha constatou como natureza, expor as partes vergonhosas sem receio nem olhar pecador, assim tal como o coco, o mamão, o sagui e o papa-formigas, esse bicho de comicidade física, como aliás a preguiça, esse animal lento, mais lento que o cágado da história mas que não tem história porque o índio seu par natural não praticou a escrita mesmo escrita, era despido de escritas e por isso não punha roupa no corpo como uma gramática – tudo despido igual a igualdade, só diferia no penacho e na pintura guerreira, mas pouco, nada de classes sociais, assim mais organização tribal e fidelidade xamã, chefe e guerreiro, mulher e ancião, caçador e cozinheiro.
Despir por cá não passa na catequese, agora neoliberal – estes apostam nos lucractivos prostíbulos versus hotelaria - é coisa infiel e só passa em casa de gente que dedica a sua fé ao incréu valor, esse passaporte do ateu confesso para o mundo das ideias e não da religião. Assim um ateu educa o filho na liberdade do corpo, um catequista pelo contrário educa o filho no pudor da exposição do nu e instala a ditadura do estar vestido e das mãos uma na outra para não as porem noutras partes e perigos. Estar despido é estar longe do Senhor, por isso é que os padres estão sempre vestidos com aqueles balandraus: servem para tapar o corpo até ao pescoço, aquele colarinho alto um colar com chave simbólica. E os balandraus servem para tirar ao corpo a sua forma – saias até ao bestunto, ou bestinto, instinto no bestunto - a proteger o padre do diabo do corpo que, lá dentro escondido da própria revelação da sua carne, estará em regime de autocontrole hereditário pró abstenção carnal e em metafísica consumida do voto de castidade. Um padre nunca toca na gaita e quando toca no cálice e ergue o santo líquido não impregna os lábios dessa sensação de frescura que o frutado comporta, bebe sem tocar na papila gustativa, engole directo – só o padre pedófilo, esse infiltrado diabólico nos territórios inexpugnáveis da Santa Sé planetária, toca na gaita, para o que antes treina nos foles do órgão ancestral os seus vais e vens celestiais subindo etéreos as paredes de qualquer catedral.
A Rita diz que cá as pessoas são intelectuais e que portanto despir-se levaria as pessoas a ter ideias. O que é um intelectual? É um tipo que tem a mania de ter ideias a propósito de tudo e nada, mas que perante um nu desata a ter ideias em catadupa, forma tempestuosa de produção ideal cujos contornos orgânicos estão por estudar. A Rita sabe isso, sabe que muitas vezes olham para ela, quase despida – ele joga há muito no quase e tem rendido - e que ela se sente iguaria, pedaço de proteína desenhado pela natureza como poucos outros, e que não sabe muito bem o que fazer com esse olhar a não ser dar ar de estrela no feedback, de estrela do mundo visibilizado do espectáculo sempre em cena no ecrã do real. E ela portanto não gosta desse olhar intelectual, gosta mais do outro, do olhar natural. Esse é o olhar que o Vaz de Caminha – estranho apelido, terra cama, pequenina – descobre no olhar de quem olha sem a consciência das partes vergonhosas expostas, e que, além disso, como mais tarde faz Bartolomeu de Las Casas, é um olhar com alma, um olhar humano e não incréu. Diz Caminha que as feições dos índios, e das índias, fala mais delas curiosamente, são perfeitas e que muitas delas são muito mais bonitas que as nossas, na Europa. Deve ser isso que a Rita quer, ser índia e trazer as partes vergonhosas ao ar livre sem que os intelectuais comecem a ter ideias e claro, sem televisão por perto, só mundo natural e ordem de soltura eterna.
A Rita será mesmo assim, um pouco mais que ingénua? Ou será que o nível desta coisa toda e o seu reflexo até nos chamados jornais de referência, em dias trágicos como estes em que faleceu um grande músico – honra aos que se dedicam às paixões e mudam a nossa vida - e o Primeiro-Ministro diz disparates sobre o desemprego de uma gravidade tal que ele, sim, deveria desempregar-se para não só nos libertar do desqualificado nível das suas intervenções e simultaneamente para também ter uma oportunidade, ele sim, de desempregado, mudar de vida – auto despeça-se, o Senhor Primeiro. Oh Rita vá lá, despe-te cá que agora está mais quente e há muitos cá que não são intelectuais e vão só salivar, coisa natural, sem misturada com essa coisa porca do ter ideias. Cuidado é com o sol que agora o genoma do cancro da pele foi revelado e o sol a mais faz mesmo mal, ciência dixit.
fernando mora ramos